Médicos, gestores e especialistas do Hospital Premier participam do evento que debate experiências, desafios e caminhos para o cuidado no fim da vida; o evento acontece de 2 a 5 de novembro, em Curitiba, Paraná.

O Instituto Premier, bem como o Hospital Premier, acreditam que bons caminhos são construídos coletivamente. Por isso, seguem participando, de maneira ativa, do Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos, desde a sua primeira edição.

Amirah Adnan Salman, médica especializada em Medicina Física e Reabilitação, consultora educacional e assistente de pesquisa do Instituto Premier, fará uma apresentação durante o evento, intitulada: Experiência em educação do Programa QELCA©. “Vou compartilhar uma visão geral de aspectos históricos e contextuais do desenvolvimento do Programa no Reino Unido e no Brasil, apresentando o que é o QELCA na prática, mostrando bons exemplos do impacto causado por ele”, compartilha Amirah reafirmando o compromisso do Instituto Premier com a construção e o compartilhamento de conhecimento.

Realizado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), o evento reúne profissionais da saúde, da gestão hospitalar e das políticas públicas para compartilhar experiências e debater caminhos possíveis sobre o cuidado no final da vida.

“Os Cuidados Paliativos seguiram crescendo em discussão, importância e volume no Brasil e no mundo, mais ainda em face a uma pandemia de sofrimento que vivemos como profissionais ou mesmo como pacientes. Desde 2018, havia a esperança para um novo encontro ainda maior entre todos aqueles que lutam, praticam e querem o melhor cuidado ao paciente. Um encontro que estava previsto para 2020 e foi adiado, frente ao cenário sanitário daquele ano”, apresenta Douglas Crispim, presidente do IX Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos.

TRABALHOS APRESENTADOS DURANTE O EVENTO

O encontro, ainda, é uma oportunidade de trocas de experiências, relatos e saberes científicos acerca dos Cuidados Paliativos. Com isso, profissionais do Instituto Premier irão apresentar três trabalhos sobre as práticas desenvolvidas e pensadas no Hospital Premier. São elas:

Curso de Cuidados Paliativos para alunos de graduação: olhar das coordenadoras sobre o aprendizado pela ação

Por Camila Marques da Paz Gomes, do Hospital Premier;  Jaqueline Basilio Lupi, do Hospital Premier e Manuela Samir Maciel Salman, do Instituto Premier

Pesquisas sobre educação em cuidados paliativos (CP) sugerem que alunos de graduação não são preparados para assistir pessoas em fim de vida. Destaca-se a falta de oportunidades de treinamento e a necessidade de métodos baseados na prática para facilitar o aprendizado. Relatamos a experiência educacional em CP para alunos de graduação. Participaram em julho de 2022 30 alunos de 8 estados, de Medicina(n=15), Psicologia(n=10), Gerontologia, TO e Enfermagem. O curso deu-se em 5 dias corridos (35 horas) em um hospital privado de CP de São Paulo. A imersão contemplou roda de conversa sobre o papel nos CP da Psicologia, Medicina, Nutrição, Serviço Social, TO; e Fisioterapia, Fonoaudiologia e Enfermagem – nestes, com observação da assistência. Temas abordados, com foco nas necessidades de aprendizado dos alunos: conceitos e elegibilidade em CP; controle de sintomas; processo ativo de morte; comunicação de más notícias; trabalho em equipe; reabilitação; acolhimento familiar; assistência ao óbito e luto. Além de aulas expositivas, utilizou-se recurso audiovisual, psicodrama e práticas reflexivas. Estudo de caso simultâneo dirigiu à coleta de biografia e necessidades do paciente para o plano de cuidados. Apresentado em duplas no encerramento, seguido do compartilhamento de experiências. 

Trata-se de curso extracurricular pago, fora da universidade, com baixo alcance aos paliativistas do futuro. O plano pedagógico foi construído com metodologias ativas, que potencializam o processo de ensino-aprendizagem através da experiência, baseado nas competências centrais em CP. Raros são os cursos de graduação com CP no currículo obrigatório. A educação teórica tradicional não oferece oportunidade para o aluno examinar suas reações à morte e desenvolver habilidades e atitudes. A falta de suporte institucional e financiamento são barreiras para implementar intervenções educacionais em CP, acarretando inconsistências na formação profissional. 

Processos educativos em CP na graduação contribuem para a qualidade do cuidado no fim de vida e a literatura aponta benefícios de metodologias ativas e vivências práticas. Avaliações pré e pós iniciativas educacionais sobre o impacto no conhecimento, habilidades e atitudes dos alunos são necessárias. Uma plataforma para programas de educação compartilharem experiências pode contribuir na construção de consenso sobre matrizes de competências e ferramentas de avaliação e no desenvolvimento da educação em CP.

Programa QELCA© Treinamento do Facilitador: estratégia de educação transformacional para profissionais da saúde para melhoria do cuidado no fim da vida

Por Manuela Samir Maciel Salman, Amirah Adnan Salman e Angélica Massako Yamaguchi, do Instituto Premier

O programa QELCA© Treinamento do Facilitador (TdF) visa equipar profissionais de Cuidados Paliativos(CP) a ofertar o Programa QELCA©(Quality End of Life Care for All), elaborado pelo St. Christopher´s Hospice para capacitar equipes de saúde de qualquer contexto a melhorar a experiência daqueles sob cuidados no fim da vida(CFV). O TdF propõe a compreensão da complexidade da morte e luto;de como a educação em CP apoia mudanças de atitude e sua filosofia contribui à abordagem pedagógica QELCA©; da teoria educacional subjacente(aprendizagem transformacional, ciclo reflexivo de Kolb, Action Learning);da importância de criar comunidades robustas de aprendizado e prática para apoiar a mudança. O QELCA© inicia com imersão de 5 dias de teoria e prática, segue com 6 sessões mensais de Action Learning e apoio às mudanças para melhoria dos CFV. O 1° TdF no Brasil ocorreu online em 4 sessões(16 horas), seguido da oferta do QELCA© a uma equipe (n=6-8) sob supervisão. Participaram 24 paliativistas brasileiros de 10 serviços de 7 estados em 2021. A 2a edição ocorreu em agosto de 2022, com 24 paliativistas de 11 serviços Brasil afora(6 estados).

A identificação da falta de qualidade de morte originou o QELCA©. A maioria dos profissionais de saúde têm pouco ou nenhum conhecimento sobre CP,limitado a serviços especializados. Este modelo de educação pode ser uma estratégia para tal desafio social.Ao convidar o facilitador paliativista a compartilhar suas habilidades e atitudes, como empatia e comunicação difícil, com profissionais atuando em diferentes contextos,estimula-os a examinar valores e necessidades locais. Assim, passam a ativamente resolver problemas relacionados aos CFV e introduzir mudanças concretas na prática. Porém, a implementação do QELCA© depende do suporte institucional e do papel e engajamento dos facilitadores A oferta do QELCA© demanda tempo, podendo adicionar sobrecarga ao trabalho. Estudos longitudinais de programas de educação em CP e suas metodologias são sugeridos para avaliar os benefícios nos CFV.

O TdF em 2022 abrangeu 21 serviços de CP no Brasil, com potencial impacto do seu sistema de ensino inovador, adaptado culturalmente, formando uma rede colaborativa de serviços de CP. Esta pode ser uma estratégia para desenvolver o ensino em CP e melhorar a experiência do paciente sob CFV. REFERÊNCIA:Gillett K,Bryan L.QELCA:the national rollout of an end-of-life workforce development initiative.BMJ SPCare.2016;6(2):225-30.

Tanatograma: uma inovadora ferramenta para acompanhamento do processo ativo de morte em Cuidados Paliativos

Por Wellisom Moraes de Souza, Camila Marques da Paz Gomes, Jaqueline Basilio Lupi, Manuela Samir Maciel Salman e Afonso Xavier Gomes Silva

Ao ser identificado processo ativo de morte (PAM), os cuidados oferecidos à unidade paciente/família devem ser intensificados, buscando aliviar o máximo possível de sofrimento, e oferecer dignidade, tanto ao paciente quanto aos seus familiares e cuidadores.¹ Partindo destes princípios, em imersão educativa sobre qualidade no fim de vida (Programa QELCA©), foi idealizada e implementada ferramenta visual gráfica com objetivo de acompanhar a evolução do PAM, de seu início ao óbito. Inspirado no “partograma”, a ferramenta então nomeada Tanatograma propõe o registro simplificado de sintomas, necessidades multidimensionais e intervenções realizadas pela equipe, com o objetivo de chamar atenção, facilitar e aperfeiçoar a comunicação entre a equipe para os cuidados de fim de vida e garantir a identificação e alívio rápido de sintomas. O estudo da finitude humana segue como um dos temas menos estudados na formação acadêmica do profissional de saúde. Assim, a negação da morte pelos profissionais e a dificuldade de comunicação de má notícias permanecem como entraves à melhor assistência nesta fase da vida (2). 

Neste contexto, o Tanatograma surge como interessante solução para auxílio no processo de mudança de cultura dos profissionais envolvidos na assistência ao paciente e família. A ferramenta foi bem aceita pela equipe: sua utilização é realizada em larga escala à identificação do PAM. Sua abertura promove sinalização que extrapolou o ambiente da equipe multiprofissional (administrativo, portaria, limpeza e cozinha). Sua formatação gráfica permite acompanhamento evolutivo com registro simplificado e de fácil compreensão que propicia a identificação e controle mais rigoroso de sintomas e melhor atendimento às demandas psicossociais e  espirituais. 

Equipes especializadas em CP têm papel assistencial, de apoio e capacitação de outros profissionais, desenvolvimento e implantação de novos conhecimentos que permitam mudança da cultura no sistema de saúde (3). O Tanatograma contempla estas frentes incluindo potencial utilidade na educação profissional para os cuidados de fim de vida.

Para saber mais, acesse: https://www.congressopaliativo.com.br 

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