Em conversa realizada por vídeo-conferência, a médica paliativista trocou experiências de como tem sido atuar em um serviço de Cuidados Paliativos durante a pandemia de COVID-19 e elogiou a iniciativa de “isolamento comunitário” do Premier.

Na última sexta-feira, 10/4, parte da equipe multiprofissional do Hospital Premier participou de conferência em vídeo com a médica paliativista Maria Goretti Maciel, diretora do Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPESP).

Isolados no Premier desde o dia 25/3 devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, os profissionais também puderam dividir um pouco de como tem sido a sua própria experiência de quarentena.

“O Premier vai virar um espaço de compartilhamento. Vocês estão em um isolamento comunitário, o que é uma experiência fantástica”, apontou a médica. Em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, Goretti produziu cartilha sobre Cuidados Paliativos e orientações aos profissionais de saúde. A Fiocruz tem lançado uma série de publicações com foco em saúde mental e atenção psicossocial durante a pandemia.

Além de apontar aspectos técnicos sobre os atendimentos que estão sendo feitos, Goretti também destacou como os profissionais de saúde estão agindo. Ela contou que muitos colegas isolaram ou enviaram familiares para longe a fim de evitar o contágio.

A rotina da médica tem passado por um novo processo que inclui uma descontaminação completa ao chegar em casa após um dia de trabalho. Adepta do uso de adereços como brincos e colares, ela conta que precisou tirá-los do uso diário. Acessórios como anéis, relógios e pulseiras têm sido evitados por profissionais de saúde por conta do risco de contaminação.

Sobre a forma como enxerga a percepção das pessoas em relação à doença, a médica considera que a maioria da população entende o que está acontecendo.

Parte de seu trabalho é realizar a comunicação com as famílias. “As pessoas estão com muito medo de morrer”, afirmou. A médica disse que as famílias têm noção da gravidade, mas muitos demonstram medo de ver seus familiares indo para a UTI: “Na cabeça das pessoas, se for para lá não saem mais”.

Do ponto de vista dos Cuidados Paliativos, Goretti também observou que o contato com as famílias tem sido um momento oportuno para conhecer histórias de vida fantásticas, que merecem ser compartilhadas.

Como parte do processo, todos os dias alguém de sua equipe compartilha com os colegas um breve relato de histórias de vida coletadas durante esse período. Como forma de colaborar com a produção de conhecimento, todos os processos e dados obtidos ao longo dos dias têm sido registrados.

 

Tratamento de profissionais

Como já noticiado por alguns veículos na mídia, ainda que profissionais de saúde estejam recebendo reconhecimento pelo trabalho, muitos têm enfrentado situações de desagradáveis no dia a dia. Por estarem no contato direto com os infectados, acabam sendo hostilizados por serem considerados vetores potenciais de transmissão da doença.

Na equipe de Goretti, duas pessoas foram contaminadas e precisaram ser afastadas para tratamento. A situação reflete a realidade de profissionais de saúde em todo mundo, que, por conta de sua atuação, têm se tornado vítimas da doença.

(texto: Ruam Oliveira / Hospital Premier)

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