Em meados de 2006, Maria Goretti Sales Maciel, médica e uma das primeiras a se dedicar à prática de Cuidados Paliativos no Brasil, trabalhava no Hospital do Servidor Público quando recebeu uma ligação. Do outro lado da linha, o médico Samir Salman fez um convite: se ela poderia ir ao hospital para uma conversa. 

O Premier ainda estava em seu começo e Salman havia recebido boas indicações de quem poderia auxiliar a colocar o serviço de pé. Maria Goretti Maciel foi uma delas.

 

Maria Goretti Maciel durante cerimônia de entrega do Prêmio Averroes Especial ao bioeticista Diego Gracia. Foto: Alice Vergueiro / acervo hospital Premier

A primeira coisa que Goretti pensou quando recebeu o convite foi: “Ah, esse pessoal de hospital privado quer cuidado paliativo, mas quer fazer só o nome de cuidado paliativo sem querer paliar direito”. Desconfiada, compareceu à reunião na data marcada. 

Nessa época, o hospital tinha por volta de 20 pacientes e Salman lhe disse que precisava de alguém que pudesse ajudar a conduzir a instituição. O convite era para assumir a posição de diretora do Premier e para que montasse uma equipe de trabalho.

Durante o próximo mês Goretti começou a frequentar o espaço, passou a observar quem fazia parte da equipe até aquele momento e com quem poderia contar na construção definitiva do time que estaria com ela.

Pouco tempo antes de ingressar de vez, recebeu a notícia de que nenhum dos atuais plantonistas permaneceria na casa. A missão foi então localizar bons profissionais que pudessem assumir a tarefa. Em 7 dias, contando com a  ajuda de pessoas da câmara técnica da qual fazia parte e de residentes da clínica médica, Goretti reuniu 14 pessoas que poderiam colaborar com o trabalho. “Foi uma verdadeira força tarefa”. 

Equipe premier em visita à Faculdade de Medicina de Itajubá. Maria Goretti Maciel aparece ao lado da médica Angélica Yamaguchi (segunda, da esquerda para a direita). Foto: Acervo hospital Premier

Henrique Parsons, Dalva Matsumoto, Veruska Menegatti e outros nomes hoje bem conhecidos dos Cuidados Paliativos, estavam nesse time.

“Foi uma super aventura. Foi um tempo de construir muitas coisas, muitas mudanças”. Ela passava todas as tardes no hospital e percebeu ao longo desse período quantos avanços haviam conseguido realizar. 

Ela se entende como uma desbravadora, como alguém que gosta de começar as coisas. Sendo assim, novas oportunidades apareceram. Maria Goretti Maciel ajudou a construir outros serviços de Cuidados Paliativos espalhados pelo Brasil e também ajudou a fundar a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), principal órgão de representação multiprofissional da prática paliativa no país, onde foi presidente de 2005 a 2008 e de 2014 a 2016. 

Samir Salman e Maria Goretti Maciel. Ao fundo, o bioeticista Diego Gracia. Foto: Alice Vergueiro / acervo hospital Premier

Maria Goretti Maciel permaneceu como diretora médica do Premier até 2010.

“Vendo de fora é muito mais fácil de entender a instituição do que estando lá dentro. Porque estando lá dentro temos o trabalho, as contradições do dia a dia, os pacientes e famílias complexos, tem todas as coisas que vivemos no cotidiano de um hospital. Mas quando a gente sai e vê de fora, é outra história. Você vê o movimento e o trabalho do hospital de forma muito identitária”. 

Goretti saiu fisicamente do Premier, mas permanece como parte integrante da família. 

 

Este texto faz parte da série “Quem faz o Premier ser o que é”, que apresenta figuras importantes que contribuíram para a criação da instituição. 

 

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